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quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

O Big Brother Brasil e a nossa mídia patriarcal




Estes acontecimentos recentes envolvendo os "heróis  do Big Brother Brasil", o possível sexo e/ou estupro ocorrido na casa; serviram para dar mídia para um programa ridículo, e também para demonstrar como moral patriarcal ainda faz parte de nossa formação cultural. 

A TV Globo, a empresa produtora do espetáculo, surgiu como o pai da virgem inocente que foi deflorada, e que deve recuperar a honra dela e da família.

Neste caso, não é obrigando o homem a se casar com a jovem, mas matando-o, o que no programa representa ser expulso. Pois, assim a TV, como homem patriarca, demonstra seu poder e seu apreço pelos bons costumes da sociedade brasileira.

Tudo isso faz parte de um teatro hipócrita, uma vez que, este tipo de comportamento é apreciado pela empresa que necessitam de fatos como este para venderem seu produto, e aumentar a audiência do canal. E, também pelos espectadores, que gostam de consumir os conflitos da vida alheia como se fossem produtos descartáveis.

Estes acontecimentos me lembraram de um antigo curta-metragem chamado Acorda Raimundo, que faz o contraponto entre os papeis sociais exercidos pelo homem, pela mulher, e sobre o relacionamento entre os casais na sociedade.






O vídeo está dividido em duas partes, e sempre o reproduzo nas aulas, pois geram excelentes debates sobre patriarcalismo, os papeis sociais do homem e da mulher, e o relacionamento entre os casais.


sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Quando a escola vira um circo e o professor tornar-se um palhaço

É possível que na escola sejam realizadas boas atividades pedagógicas sem compromisso com nota, mas sim a aprendizagem e com a produção de ideias?

As principais teorias pedagógicas contemporâneas afirmam que o bom professor deve sempre buscar o aprendizado. Pois, o saber é processual, e nunca completo.
A escola e a sala de aula deveriam ser ambiente de construção do conhecimento, a partir da relação professor e estudante.



Atualmente, as políticas pública educacionais tem transformado a escola em fábrica de produção de notas, e não de conhecimento. O que fez do professor um palhaço e da escola um circo, sendo que ambos não conseguem ser engraçados.













Como romper com esta lógica?
Não é fácil remar contra a maré, mas é possível sim mudar a educação escolar. Tal qual as sociedades tem se modificado, é possível sim, mudar a sociedade a partir da escola.  


Um dos principais elementos para a produção de conhecimento dentro da escola é a relação entre o professor e as turmas.


A tríade estudante-professor-escola no passado era marcada apenas pela simples transmissão de conteúdo.

Atualmente, as experiências do cotidiano escolar demonstram que o conhecimento informal é tão ou mais importante que o conhecimento formal.


E isso se explica, porque nós seres humanos guardamos sentimentos, e sensações. Nossa memória é seletiva para aquilo que gostamos, ou odiamos. Fatos que não despertaram nenhum sentimento são esquecidos. 


A lógica do fale mal ou fale bem, mas fale de mim, realmente vale para escola. Os professores não devem se tornar produtores fulanização (fofoqueiros). Mas, a dimensão subjetiva do processo de ensino aprendizagem  deve ser contemplado durante as aulas.

Os meios de comunicação já se atentaram para o papel do meio, enquanto elemento importante para a difusão da informação.


Mas a educação escolar ainda utiliza apenas técnicas de transmissão oral, como se fossemos seres racionais durante 24 horas.

As aulas não devem ser programas de humor, e nem de "Quero conquistar você!"...
Entretanto, não podemos ser infelizes do inicio ao fim de nossa jornada durante a escola.

Como seria importante, que os professores e os estudantes pudessem se dedicar ao ofício do estudo, para que ambos pudessem trazer boas surpresas para o espaço da sala de aula.

A sala de aula não pode ser uma jaula de aula, mas para que isso ocorra é necessário que professor e o aluno atuem juntos...



quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Kawabanga - As tartarugas ninja e as lutas estudantis

Kawabanga era o grito de guerra  das Tartarugas Ninjas antes de suas lutas. 


As Tartarugas Ninjas me remetem a uma curiosa lembrança da minha 6º série. Alguém me perguntou um dia, o que gostaria de ser quando crescer. Eu respondi na lata: uma Tartaruga Ninja. 

Para quem não conhece ou lembra, as tartarugas ninjas eram um grupo de quatro tartarugas que lutavam contra mal, comiam pizza e, viviam no esgoto, liderados por rato chamado Splinter.




Eu acho engraçado lembrar disso e da justificativa que dei na época: "Eles lutam contra o crime, por isso são heróis; e vivem no esgoto comendo pizza o tempo inteiro".

Esta estranha lembrança, juntamente com sua justificativa me remete as duras críticas que a mídia conservadora, e uma parcela da sociedade tem feito em relação à ocupação do movimento estudantil na USP.

A elite dominante e conservadora de nossa sociedade, através dos instrumentos de difusão ideológica, tem jogado nossos heróis no esgoto, prefere que eles vivam ou morram lá, excluídos da sociedade.

Os heróis de nossa sociedade são os anônimos organizados coletivamente que lutam por justiça social. Muitas das vezes, as lutas começam com movimentos que consideramos banais.

Normalmente, os movimentos sociais tem sido criminalizados ou ridicularizados,  como no caso dos estudantes que ocuparam os prédios da USP contra a truculência da PM no campus.

A truculenta PM não lidou com o fato ser rejeitada, o que demonstrou que na verdade o que foi rejeitada de forma indireta foi a política de segurança pública do governo estadual de São Paulo, e que é praticada em todo o país.


No desenho, as tartarugas ninjas apesar de lidarem com a rejeição, sempre venciam os seus inimigos.

Na vida real, as nossas lutas sociais mesmo sendo criminalizadas e ridicularizadas tem conquistado a vitória em partes, também.

O movimento estudantil foi um dos mais importantes focos de resistência da ditadura militar no país.

O movimento LGBT tem conquistado ainda a passos curtos espaço na sociedade contra intolerância perante a homossexualidade.

O Movimento Negro tem conquistado  importante bandeiras contra o racismo através de leis penais contra o racismo, as leis de cotas raciais, a inclusão da cultura africana e indígena no currículo.

O Movimento Feminista conquistou recentemente uma secretaria executiva com status de ministério no Governo Federal, e teve importante participação na aprovação da Lei Maria da Penha.

O Movimento Sem Terra tem conseguido através das invasões e ocupações promover reforma agrária no interior do Brasil.

Assim sendo, mesmo tentando jogar as lutas sociais dentro do esgoto simbólico, a sociedade não pode esmorecer contra as injustiças sociais.

Por isso, como diziam as Tartarugas Ninjas:


Kawabanga!

terça-feira, 8 de novembro de 2011

A Terra do Nunca, A Terra do Nada e a Alienação Educacional




Na minha adolescência, um dos desenhos animados que mais gostava era o Peter Pan. Ele representava o sonho de toda a criança, não crescer, e viver num mundo com o compromisso de se divertir sempre.


As únicas preocupação do Peter Pan eram fugir do Capitão Gancho, e do Crocodilo Tic Tac. Depois, de algum tempo percebi que o principal inimigo do Peter Pan, não era o Capitão Gancho (nunca entendi o que ele realmente queria), mas sim o Crocodilo, pois ele vinha para comer o tempo, demonstrar  que o tempo era voraz. A principal luta do Peter Pan era se manter jovem para sempre.


O crocodilo Tic Tac é real, e ele devora de forma muito devagar a nossa infância e a adolescência...

Como nunca encontrei o caminho da Terra do Nunca, em algum momento da minha vida tive que começar a trabalhar. Meu primeiro emprego como adulto, foi ser professor da rede particular de ensino aos 23 anos. Trabalhei durante três anos. Em 2005, me tornei professor da rede pública.


A experiência anterior como professor da rede particular de ensino, e minha própria trajetória como estudante, acabaram por me causar um grande choque, quando tive os primeiros contatos com os estudantes da rede pública.


Os estudantes das escolas públicas possuíam graves deficiências de expressão e compreensão oral e escrita em todas as áreas de conhecimento. A primeira sensação que tive era que os personagens da Escolinha do Professor Raimundo eram reais.


Ao longo dos anos, eu aprendi a ser professor navegando entre os vários níveis de ensino. 


Eu confesso que no início do trabalho da rede pública de ensino, trabalhava olhando de uma forma até preconceituosa com os estudantes. Não tenho como negar que aqueles adjetivos horríveis como burros, ignorantes, imbecis, idiotas já passaram pela minha mente.


Como sempre busquei e busco ter uma conduta ética, eu nunca os pronunciei este tipo de coisa em sala de aula.




O amadurecimento profissional, me fez perceber que na maioria das vezes, professor e estudantes estão alienados educacionalmente de ensino público de qualidade.


Muitos professores devido a uma cultura educacional que trata o professor como nobre e não um profissional, que vive de sua remuneração, se acostumaram a receberem baixo salário, e, principalmente se acomodarem perante os problemas da profissão.


Os estudantes foram acostumados a buscarem notas e aprovação. A aprendizagem das disciplinas curriculares se tornou algo secundário, por vezes desnecessário. 


Como resultado, temos professores e estudantes fingindo que cumpriram sua missão, os primeiros fingindo que estão ensinando, e muitos alunos fingindo que estão aprendendo.


De fato, os professores e alunos estão alienados educacionalmente de um ensino de qualidade, e este cruel processo faz com que ambos naturalizem a vida dentro da terra do nada.


A terra nada é terra do esquecimento e da exclusão social. Na terra do nada, não existe e, não pode existir um Crocodilo Tic Tac para despertar as pessoas em relação ao processo de alienação educacional no qual estão presentes. 


É preciso despertar a sociedade perante os problemas sociais, e os problemas educacionais para conseguirmos sair da terra do nada. Onde estão os Crocodilos Tic Tacs para solta-los na terra do nada?

O Analfabetismo Escolarizado e o estudo errado



As ciências humanas criaram o termo analfabeto funcional para explicar, porque pessoas que frequentaram poucos anos de escola continuam analfabetas.


Na última década, temos um novo fenômeno o analfabetismo escolarizado, que é o sujeito que frequenta ou frequentou todo o ciclo escolar básico da escola, e continua analfabeto, ou com poucos conhecimentos de leitura, escrita, matemática, e compreensão dos fenômenos básicos das ciências naturais, sociais, biológicas e humanas.


Este dado tem sido demonstrado pelas provas que o governo tem aplicado para os estudantes, e pelo próprio cotidiano escolar.


Este analfabetismo escolarizado está localizado social e economicamente entre os estudantes mais pobres da sociedade, que consomem a educação pública ofertada pelos governos.


Abaixo há um clipe antigo do Gabriel Pensador, de uma música chamada Estudo Errado que é bem ilustrativo.


Recentemente, houve uma recomendação do ministério da educação para evitar a reprovação nas séries iniciais, devido ao custo para os governos, e com a justificativa de que as crianças têm ritmos diferenciados de aprendizado, pois eu afirmo que há recomendação implícita para que não haja reprovação em série nenhuma, e a alegação é custos.


Dai, tenho uma questão para a posteridade:
Qual será o custo de re-alfabetização destas pessoas que frequentaram a escola e continuam analfabetas?

Trabalho por amor e trabalho com amor

Há algum tempo tem sido veiculada uma propaganda governamental do Ministério da Educação sobre a importância do professor.

Na propaganda é destacado que um bom professor é responsável por engenheiros, médicos, arquitetos, advogados, enfim... Que está no germe dos grandes profissionais.


 


A propaganda governamental solicita que os vários setores da sociedade valorizem a profissão de professor.



Uma propaganda institucional institucional como esta é ridícula!
Uma vez que, ao mesmo que busca reforçar a importância do trabalho do professor, reforçar também um dos mais triste preconceitos sobre a profissão docente: Ser professor é uma profissão nobre que forma a sociedade, pois o professor trabalha por amor!

Como eu odeio deste discurso! Como o professor paga o custeio de sua formação? Amor!? 
Como professor paga as suas contas? Amor!?



Não, dinheiro! Ser professor é ser antes de tudo ser profissional. E não há nenhum demérito em ser profissional da educação, pois os bons profissionais, quando reconhecidos e valorizados também realizam seu ofício com amor. Trabalhar por amor, não é o mesmo que trabalhar com amor.

A profissão de professor pode ser muito deleitosa, mas também sofrível, pois propagandas institucionais, e os preconceitos em torno da educação escolar reforçam uma ideologia cruel em torno do trabalho docente, pois descaracterizam o profissional da educação como profissional. 

Como se o professor devesse carregar em suas costas a responsabilidade pela formação pessoal e profissional das pessoais, independentemente de seu salário, pois seu trabalho é nobre. 

O resultado deste embrolho tem sido demonstrado, por diversas avaliações institucionais realizadas pelos governos ano após ano, o crescimento de índice de analfabetos escolarizados. Este panorama somente tende a se modificar quando se entender toda esta política educacional está equivocada.

Amor é bom, mas neste caso penso que precisamos de paixão, não a paixão  platônica vazia de sentido, cantadas nas músicas, mas a paixão para querer mudar nossa sociedade urgentemente, senão iremos caminhar a passos largos para formar uma sociedade de amantes idiotas...


domingo, 6 de novembro de 2011

Ir para a escola e não estudar?!

Nos últimos dias, um dos principais assuntos dentro das escolas é a chegada das férias. Tanto professores, como alunos já fazem planos, e comemoram os praticamente dois meses de recesso.


Esta contagem regressiva serve para realizar uma reflexão sobre como escola é um ambiente paradoxal, pois os alunos, em sua maioria, gostam de ir, mas não gostam de estudar. Este fato pode ser constatado com a chegada das férias escolares do fim de ano.


A sala de aula ao invés de ser um ambiente deleitoso, parece muito mais uma jaula de aula, em que dois prisioneiros são obrigados a conviverem durante 10 meses por ano: professores e alunos.

É muito comum, ouvir os alunos falando que as aulas são chatas, desinteressantes; assim como, os professores falam que as turmas não querem nada, ninguém se esforça para estudar, poucos aprendem. Resultado: Bagunça e desinteresse do estudante nas aulas, e desinteresse e desestímulo pelo trabalho por parte do professor.



Na escola é normal, alunos combinarem faltas, de fugirem das aulas. E os professores comemorarem pelos alunos terem feito isso.

Qual a consequência disso?
Os professores não conseguem ensinar, e os estudantes não conseguem aprender. De fato, isto não é um regra universal, mas certamente se enquadra em muitos ambientes escolares. A convivência dentro da maioria das escolas a cada dia que passa muita das vezes é insuportável. Os recessos, os feriados prolongados, as fugas das turmas, dos professores funcionam como um anestésico temporário para conter o sofrimento de ambas as partes.

Ir para a escola e não estudar parece peça de teatro cômico, mas tem sido a solução de um problema que tem sido ignorado por todos os atores que convivem dentro do grande teatro que escola se tornou.
E a contagem regressiva continua...



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