A fonte inspiradora do Governo do Estado do Rio de Janeiro para a implantação do novo programa de educação para as escolas públicas é a Escolinha do Professor Raimundo.
Neste programa de TV para quem não se lembra, o Professor Raimundo transmitia uma mensagem no início de suas aulas, e logo em seguida começava a fazer um rodízio de perguntas desconexas aos estudantes, estes respondiam coisas que possuía alguma relação com seu personagem, mas que na maioria das vezes estava longe da resposta pretendida pelo professor. Como resultado, provavelmente todos conhecem: nota zero!
Estes personagens estudantis não recebiam aula de nada e, sua avaliação era desconectada de qualquer atividade educacional. A Escolinha do Professor Raimundo acabou por criar um estereótipo do que se faz nas escolas: fazer provas e atribuir notas.
Este estereótipo educacional provavelmente tem inspirado os gestores do Governo do Estado e da Secretária de Educação para modelarem as políticas educacionais das escolas estaduais. Pois, há uns dois anos tem sido aplicado o exame SAERJ. Nesta prova, os estudantes têm respondido uma série de perguntas de múltipla escolha de português e matemática sem muita relação com o conteúdo programático ensinado nas escolas. Para incentivar os estudantes a realizarem o SAERJ, o Governo do estado anuncia que os estudantes concorrem a notebooks, distribuídos de acordo com o seu desempenho na prova.
Um dos grandes problemas do SAERJ é que nem os estudantes, nem professores, nem a escola, nem comunidade escolar tem acesso a prova, gabarito e resultados; não se sabe o conteúdo da prova, e nem quantas questões cada estudante precisa acertar para concorrer ao prêmio. Portanto, o SAERJ é uma avaliação objetiva, de caráter bem nebuloso.
E então voltamos a tratar do Professor Raimundo e seu programa de avaliações, pois nesta escolhinha somente ocorrem provas nebulosas e misteriosas. Sendo que no programa de televisão, o propósito era divertir o espectador que achava graça da desgraça daqueles atores-estudantes e o seu fracasso de aprendizagem. Entretanto, na Secretária Estadual de Educação, esta avaliação tem sido o parâmetro para avaliar a qualidade do ensino ofertado aos estudantes, à qualidade das escolas e dos professores. No SAERJ, o baixo desempenho está vinculado nos últimos anos com a verba que a escola recebe do governo, aqui ninguém acha graça da desgraça.
No SAERJ e na Escolinha do Professor Raimundo, o erro e o acerto caminham lado a lado, pois os critérios são misteriosos para a maioria dos professores, da comunidade escolar, e dos estudantes. O resultado deste processo tem deixado a todos insatisfeitos.
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