A violência ocorrida na escola municipal da prefeitura do Rio de Janeiro detonou uma bomba. Todos os pseudo especialistas em educação escolar surgiram para dar entrevistas e dizer o que deveria ocorrer e como não ter mais Welingtons. As propostas e pseudo soluções me fizeram lembrar do pensamento de Florestan Fernandes.
Florestan Fernandes (1920-1995) foi um importante nome da sociologia critica brasileira. Sua sociologia crítica tinha o “olhar” voltado aos mais diversos grupos e classes existentes na sociedade. Algumas de suas pesquisas com grupos indígenas e sobre as relações raciais em São Paulo, por exemplo, tiveram o mérito de fornecer explicações que se contrapunham às explicações dadas pelas classes dominantes da sociedade brasileira.
No livro “A integração do negro na sociedade de classes”, de 1978, o autor buscou explicar fatos relativos aos setores populares da sociedade, neste caso, os negros. Ele se filiou ao pensamento crítico brasileiro ao afirmar que o negro não era um problema para a nação. Inclusive desenvolve a idéia de que os negros sempre foram agentes participantes das transformações sociais do país, ainda que de maneira menos privilegiada que os brancos. E ainda, fez uma crítica à sociedade capitalista que não “absorveu” os negros, que, segundo as elites da sociedade, encontravam-se em iguais condições em relação aos brancos.
Para Florestan, a inexistência de um plano de incorporação do negro, elaborado pela sociedade que o libertou, com estratégias de aceitação social dos mesmos, foi fator importante que contribuiu para sua marginalidade social.
Atualmente, os professores e estudantes da rede pública de ensino são os negros e índios que vivem em um ambiente de pouca ou nenhuma proposta de integração social e educacional. A maior parte das escolas públicas existe em um ambiente de marginalidade educacional. Uma vez que, raramente a comunidade escolar é convidada para participar de quaisquer medidas para melhoria da escola; a qualidade do ensino é ruim, pois os governos trabalham com metas de aprovação de estudante, e não com metas de aprendizado; não há propostas sérias de valorização profissional; a maior parte das escolas são depósitos de gente; o acesso a internet e a biblioteca é de difícil acesso para os estudantes; a educação física escolar não tem relação com a formação de atletas, se limitando a reprodução das principais modalidade esportivas; as matérias humanas não conseguem sair do estigma da decoreba; as matérias exatas são abstratas, pois não há laboratório para a sua testagem.
Viva as soluções mágicas, pois agora com o caso Welington, certamente estão chegando "boas" novidades que vão se limitar a continuar enxugando gelo, e não realizar uma integração educacional legítima. E até a próxima tragédia..
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